Enfim aqui estou de pé
Passei por ali
Alguém passa por lá agora
Como eu
Sem saber onde vai
Passei por ali
Alguém passa por lá agora
Como eu
Sem saber onde vai
Eu tremia
Ao fundo do quarto a parede era negra
Ele tremia também
Como pude eu transpor o limiar dessa porta
Ao fundo do quarto a parede era negra
Ele tremia também
Como pude eu transpor o limiar dessa porta
Poder-se-ia gritar
Ninguém ouve
Poder-se-ia chorar
Ninguém entende
Ninguém ouve
Poder-se-ia chorar
Ninguém entende
Encontrei a tua sombra na obscuridade
Era mais doce do que tu
Era mais doce do que tu
Antigamente
Estava triste a um canto
A morte trouxe-te essa tranquilidade
Mas tu falas ainda
Queria abandonar-te
Estava triste a um canto
A morte trouxe-te essa tranquilidade
Mas tu falas ainda
Queria abandonar-te
Se entrasse ao menos um pouco de ar
Se o exterior nos deixasse ainda ver claro
Sufoca-se
O tecto pesa-me na cabeça e empurra-me
Onde vou eu meter-me para onde partir
Não tenho espaço que chegue para morrer
Onde vão os passo que se afastam e que escuto
Longe muito longe
Estamos sós a minha sombra e eu
A noite cai.
Se o exterior nos deixasse ainda ver claro
Sufoca-se
O tecto pesa-me na cabeça e empurra-me
Onde vou eu meter-me para onde partir
Não tenho espaço que chegue para morrer
Onde vão os passo que se afastam e que escuto
Longe muito longe
Estamos sós a minha sombra e eu
A noite cai.
Pierre Reverdy , trad. Eugénio de Andrade